Por FERNANDO LICHTI BARROS
Victor Assis Brasil, Maysa, Celso Machado, Quarteto Moenda e uma orquestra de cordas regida por Júlio Medaglia haviam acabado de se apresentar naquela noite, a primeira quarta-feira de maio de 1976.
Desde 74 no
Brasil, depois de ter estudado e trabalhado no exterior, Victor se dizia feliz
com o interesse despertado pela sua música. Três dias antes conseguira lotar a
Sala Cecília Meirelles, no Rio.
No camarim
da Igrejinha, uma boate encravada na esquina das ruas Santo Antônio e Treze de
Maio, no Bixiga, ele falava sobre temas até hoje em discussão. “Não há falta de
público. Há é falta de informação, falta de música, falta de oportunidade de
mostrar. O problema é saber dar de si para o público. Só o que existe são
pessoas sensíveis e insensíveis”.
O rótulo de “jazzista”,
insistentemente associado a ele, já nem o incomodava. “Toco música”, resumia.
Inundavam o
camarim os oceanos não-pacíficos vistos por Manuel Bandeira nos olhos de Maysa.
Sua interpretação de Ne me quitte pas havia deixado o público de joelhos. Os
solos de Victor, idem.
Em meio ao
burburinho que festejava a estreia esplendorosa da temporada, Victor continuava
a refletir sobre a importância de ser independente.
“Podem
rotular, falar de jazz, elite, o que quiserem. Eu vou fazer o que eu sinto. O
mais importante pra mim, além da música, são as pessoas”.
Antes de nos
despedirmos, o saxofonista ainda falou sobre seu encantamento com o baião e
sobre a determinação de semear: “Só quero jogar alguma coisa no chão, até ver nascer a planta”.
Ele estava
com 30 anos, eu com 23. O relato do encontro foi publicado no Diário da Noite.
Obrigado por mais essa crônica da música, Fernando...
ResponderExcluirMais uma cronica sensacional. Parabens Fernando Barros!
ResponderExcluirMuito bom saber do Vitor através de sua crônica Fernando. Excelente.
ResponderExcluirMuito bacana Vitor é fundamental
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