domingo, 26 de julho de 2020
Leo Canhoto e o sangue do dragão
segunda-feira, 13 de abril de 2020
Moraes, malandro de fé e de filosofia
Moraes Moreira defendia a necessidade de ser meio Garrincha, meio Elza Soares para vencer barreiras com drible e balanço. Era agosto de 1977. Conversávamos sobre "Cara e Coração", seu segundo disco pós-Novos Baianos, sobre a canção que ele compôs em homenagem ao filho, Davi, então com quatro anos, e sobre a retomada do choro. Moraes falou também sobre intuição, sobre a apuração do seu estilo. E ainda recitou a letra de "Erupções Cutâneas", parceria dele com Chacal, vetada pelo Departamento de Censura da Polícia Federal. O resultado desse encontro foi publicado pelo autor deste blog no Diário de S. Paulo.
Um sambista baiano, um artista, um bandido, um cigano.
Com a bola no pé e a viola na mão, vê se você destrincha.
Eu sou Elza Soares, eu sou Mané Garrincha.
A letra de "O que é, o que é" se parece muito com o seu criador, Moraes Moreira, 30 anos, que durante cinco fez parte dos Novos Baianos. “Eu acho que eu sou mais ou menos isso daí. Na vida, tem hora que você tem que ser Mané Garrincha: tem que dar um drible. E tem hora que você tem que ser Elza Soares: tem que dar uma balançada, se não você não leva, sabe como é”.
Depois, com Galvão, Paulinho Boca de Cantor e Baby Consuelo, formou os Novos Baianos. Veio o primeiro show, "Desembarque dos Bichos", e depois a chegada ao eixo SP-Rio. Nessas andanças, a soma do visto, ouvido e vivido. "Vivendo e aprendendo", diz ele. Resultado: um trabalho brasileiro.
segunda-feira, 19 de agosto de 2019
Jericó, imensamente brasileiro
POR FERNANDO LICHTI BARROS
Disco do Jericó - YouTube
segunda-feira, 27 de maio de 2019
Paulinho, Rosinha, Macumbinha
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Ilustração: Siga Balsyte Ribeiro |
Depois de um período dedicado ao ensino, Paulinho reaparece em show no teatro da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo.
Toca Ernesto Nazareth, Bach, Jobim, toca um trecho da trilha que fez para o longa metragem "Meu nome é Tonho", de Ozualdo Candeias; elogia João Bosco, Aldir Blanc, Caymmi; canta alguma coisa de Simplesmente, um disco feito de essências.
É seu jeito de provocar a máquina do sucesso. "Simplicidade não quer dizer pobreza. Simplicidade seria a ausência do superficialismo", ele diz, antes de ir para o palco.
No mesmo lugar logo estreará Rosinha de Valença, acompanhada por um sexteto. Ela vê uma onda de dificuldades avançar sobre os instrumentistas. Queixa-se de falta de espaço, diz que os músicos brasileiros estão entre os melhores do mundo e, mesmo assim, "têm que lutar para mostrar o que sentem".
Rosinha vai sair por aí com o sexteto. Quer espalhar informação, incentivar os colegas, levar adiante a música que faz desde que despontou no Beco das Garrafas, no Rio, em 1963.
Foi em 1963, aliás, que um disco mudou a vida de Macumbinha. Ao ouvi-lo - eram solos de Paulinho Nogueira -, arriscou-se a dedilhar as seis cordas, e em 65 já estava em evidência como intérprete do jequibau, o ritmo criado por Cyro Pereira e Mario Albanese.
Quatro anos mais tarde Oscar Peterson veio ao Brasil. Ouviu o violão
daquele garoto, levantou-se, deu-lhe um abraço e o chamou de 'meu
filho'. Entre 1970 e 71, Macumbinha esteve com o Brazilian Octopus na
gravação de um disco da cantora Claudia, fez raras apresentações com um grupo liderado por Hermeto Pascoal - quatro violões e percussão -
e encarou a noite com o grupo Macumbinha e A Família.
Chegou a idealizar com essa turma um LP nunca realizado. "Quando a gente
quer fazer um som legal, dizem que é anticomercial. A situação é ruim. Ninguém liga para os músicos."
Texto baseado em matérias publicadas pelo autor do blog no Diário da Noite, em
1975
sexta-feira, 25 de maio de 2018
Zinho, elegância à bateria
Por FERNANDO LICHTI BARROS
Nubentes, padrinhos, convidados, o padre; dificilmente alguém ali saberá de quem se trata. Vamos, pois, à apresentaçâo: Zinho é o baterista que acompanhou Elis Regina e Jair Rodrigues com o Quinteto de Luiz Loy n O Fino da Bossa, e antes disso tocou nas boates Oásis e Baiuca.
Com o conjunto do pianista Walter Wanderley fez longa temporada no Juão Sebastião Bar, passou quatro meses na Cidade do México, mais tarde gravou Samba em Prelúdio com Baden Powell e, com Isaurinha Garcia, o LP O Fino da Fossa.
No auge dos programas musicais da TV Record, com pouco ou nenhum ensaio, chegou a se apresentar com dez, doze, quinze cantores num único dia.
"Vai lá no palco e acompanha", disse numa dessas ocasiões o diretor Manoel Carlos ao baterista. Ele foi. Vinicius de Moraes, ao lado de Baden, tirou um papel do bolso. Lendo-o, cantou pela primeira vez em público a recém-composta Canto de Ossanha, depois gravada ao vivo por Elis e o quinteto de Loy.
Em 81, graças a essa cancha, Zinho foi substituir o colega Milton Banana na edição inaugural do São Paulo Jazz Festival. No palco, os trombonistas Frank Rosolino e Raul de Souza, acompanhados ainda por outros dois músicos fantásticos - Zé Bicão (piano) e Mathias Mattos (contrabaixo). Fizeram um show arrasador.
Vinte e quatro anos antes, trajando um summer bordô, ele estreou na profissão animando bailes com o conjunto Os Embaixadores, na Sociedade Amigos da Casa Verde. Já então dava tratos de elegância à bateria.
Agora, noivos, reparem no timbre dos tambores, ouçam aqueles pratos sutis, o gentil toque de caixa. E sejam felizes.