Camas, banheiro, armários, geladeira, sala de estar, escritório, alta quilometragem e muita história tem aquele ônibus estacionado no bairro de Interlagos, em São Paulo.
O Scania rodou o Brasil inteiro com seis técnicos e os músicos Miguel Maimone, José Américo Sestini e Clóvis Suete, os Três do Rio – todos, aliás, paulistas. Eles haviam passado quatro anos no exterior como integrantes do octeto Samba Blue. Após a dissolução do grupo, em 1964, formaram o trio. Estavam na Suiça, e por lá ficaram.
Depois de atuar em 27 em países da Europa e Oriente Médio,
voltaram a São Paulo em 1968. A partir de então, Miguel, Sestini e Clovis cumpriram
gigantesca agenda de bailes. Num deles dançava um publicitário. Aproximou-se do
palco e propôs: que tal fazer teste para um comercial de televisão?
Eles toparam. Dias
depois – era o começo da década de 90 -, foram à Rua Bocaina, em Perdizes. Ficava lá o Nosso Estúdio, de Walter Santos e Teresa Souza, criadores de trilhas para filmes publicitários e compositores
de Amanhã e Vem balançar, entre outras maravilhas bossa-novistas.
Não houve teste. Miguel,
Sestini e Clóvis começaram imediatamente a fazer a primeira de uma série de treze
gravações para uma campanha do Banco Bamerindus.
Caracterizados de acordo com o gênero
interpretado – do bolero ao xote e à tarantela -, os Três do Rio, após bailes
às centenas e oito LPs, só viraram
celebridades, daquelas reconhecidas nas ruas, ao cantar a fugacidade, a força do
tempo, que passa e com ele tudo leva. Inclusive os bancos.