Por FERNANDO LICHTI BARROS
O canto de
um pássaro faz Roberto voltar no tempo. Ele retrocede quase 60 anos e se enxerga adolescente, despertando com o trinado da corruíra no bairro paulistano do
Canindé.
Agora, o
bichinho voltou a aparecer por lá. Faz solos melodiosos. E Roberto, de repente,
retorna aos 15 anos, à época em que ao cotidiano bucólico acrescentava pitadas de roquenrol. Era uma novidade vinda dos Estados
Unidos, logo reproduzida no Brasil por cantores e conjuntos iguais àqueles de
que Roberto participou – The Vampires e The Jet Blacks.
Na esteira
da influência norte-americana, levado para a gravadora Odeon por Tony Campelo,
Roberto gravou Oh! Eliana em 78 rotações e virou Bobby. Bobby de Carlo.
Cantar era
bom, mas tocar era melhor. Tocar violão, guitarra, contrabaixo
com o saxofonista Nestico e o pianista Wanderleyzinho, fazer bailes, excursionar de
navio para o Amazonas, a Bahia, Argentina e Uruguai com o grupo Bossa News.
Tocar jazz, samba-canção, bossa-nova, tudo o que fosse preciso para acompanhar
ao baixo acústico, com os dedos protegidos por tiras de esparadrapo, o pianista
Mario Edson no bar Estão Voltando as Flores, no subsolo da Galeria Metrópole.
Havia em
Bobby, também, a sede de aprender. Era o que o levava ao bairro do Belenzinho,
onde morava o instrumentista, cantor e arranjador Zé Bicão. Ou, ainda, à Casa
Bevilacqua, no centro da cidade, onde Johnny Alf defendia algum dinheiro
escrevendo partituras para impressão e venda.
Disa: presente de Johnny Alf |
- Você tem
um bom ouvido - observou certa vez Johnny, antes de oferecer ao rapaz um presente, a canção Disa, de sua autoria, escrita a lápis numa folha de papel.
Foi a
musicalidade notada pelo precursor da bossa-nova que proporcionou a Bobby a coragem
de tocar de improviso com Dick Farney e Sadao Watanabe, no Clube dos Amigos do
Jazz, o Camja.
Lá mesmo, também por acaso, ele acompanhou ao contrabaixo o pianista Tenório Jr, uma referência do samba-jazz. Tornaram-se amigos.
Lá mesmo, também por acaso, ele acompanhou ao contrabaixo o pianista Tenório Jr, uma referência do samba-jazz. Tornaram-se amigos.
Enquanto
isso, fora dos limites do Camja, a Jovem Guarda desfrutava de imensa aceitação
popular. Bobby resolveu surfar naquela onda. Em 1966, assinou contrato com a
Rozenblit, fábrica de discos sediada em Recife.
Escrito por
Bitão, guitarrista de Os Megatons - grupo que o acompanhou na gravação-, Tijolinho, um iê-iê-iê prenhe de candura,
fez dele novamente um cantor. Um canário, como já diziam os músicos nas tantas
noites que Bobby atravessou em bailes e boates.
Canário,
corruíra. Tem passarinho voltando ao Canindé.
Fernando, seu site é fantástico, continue e vamos encontrar algum desses personagens pra um documentário... to a disposição
ResponderExcluirAos doningos, em nossa www.radioonlinedobrasil.com.br, no programa: JOVEM GUARDA, SEMPRE JOVEM, tocamos o Bobby de Carlo e tantas outras feras que fizeram parte desse movimento, que tomou conta do Brasil e ditou moda! Parabéns, Bobby de Carlo, pelo seu recente aniversário! Que Deus te proteja, SEMPRE!
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